Fernando
Pessoa, talvez o maior entre todos os poetas de língua portuguesa, vem
abrilhantar este espaço, com um poema acerca do Natal. As palavras que o
compõem revelam um estado de melancolia, saudades arraigadas, sentimentalidades.
Ao mesmo tempo, refletem o estado da natureza circundante, com neve em ponto
distante da província, a tornar o seu alheamento um “oposto ao mundo”,
porque ausência momentânea de lar, que se protrai sem esperanças ao futuro.
NATAL
Natal... Na província neva.
Nos lares aconchegados,
Um sentimento conserva
Os sentimentos passados.
Coração oposto ao mundo,
Como a família é verdade!
Meu pensamento é profundo,
Estou só e sonho saudade.
E como é branca de graça
A paisagem que não sei,
Vista de trás da vidraça
Do lar que nunca terei!
[10.12.1928]
Referência:
PESSOA, Fernando. Obra
poética. 8. ed. Rio de Janeiro, RJ:
Nova Aguilar, 1981. (Biblioteca Luso-Brasileira).
p. 82
J.A.R. –
H.C.
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