Alpes Literários

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UM PASSEIO PELOS ALPES LITERÁRIOS

domingo, 15 de setembro de 2013

Veja - Uma Revista Repugnante



A revista "Veja" apresenta, na capa desta semana, manchete repugnante sobre a questão da possibilidade de embargos infringentes no bojo do processo do Mensalão. E o faz sem a menor sem cerimônia: jogando um peso brutal sobre o Ministro Celso de Mello, como se ele fosse o único votante nessa questão, que já angariou outros cinco pareceres favoráveis ao recurso.

Sabendo-se, por outro lado, que Celso de Mello já proferiu decisão de acatamento dos mencionados embargos em causa recente em que esteve envolvido, é de supor que mantenha tal ponto de vista no processo em apreço.

E se pergunte: a questão é mesmo entre "tecnicalidade" e "impunidade", como sublinha a revista? Nem, nem! Afinal, ainda que os embargos infringentes passem, nada garante que os envolvidos não sejam condenados em definitivo! Ou será que o próprio Celso de Mello vai mudar a sua decisão de condenação inicial? E então? O placar final não se tornaria 6 x 5 em desfavor dos mensaleiros?

Sendo bem objetivo: o fato de ele ser favorável aos embargos infringentes não significa que mudará o seu parecer sobre a condenação dos envolvidos!

Expressando-se como se expressa, a revista Veja postula a possibilidade de a Justiça, melhor dizendo, o Direito abrir mão de seus métodos processuais, para fazer valer diretamente a "opinião pública" que ela mesma manipula descaradamente! Ou seja: um "Estado de Exceção", em vez de um "Estado de Direito"!

Ou bem defendemos que as leis sejam seguidas, ou nos igualamos àqueles a quem pretendemos que sejam punidos! Ou será que propugnamos pelo retorno ao sistema inquisitório do Medievo?

E outra, o que significaria o termo "lavar as mãos"? Conhecendo-se o histórico de Celso de Mello no STF, poder-se-ia afirmar que ele é um dos poucos - se não for o único! - que mantém uniformidade e coerência em seus votos, bem distintamente de outros tantos que oscilam ao sabor de ventos cujas origens talvez melhor nem se conhecerem! Crucificado? Jamais!

Aliás, a referência a passagens bíblicas, pela revista, é de gosto bastante duvidoso!

Agora um ponto final: para quem julga que estou aqui a defender os réus, por favor! Que eles tenham as penas que merecem, porquanto desvio de dinheiro público é um ato vil que já se tornou crônico neste país hipoteticamente civilizado!

J.A.R. - H.C.

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