Alpes Literários

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UM PASSEIO PELOS ALPES LITERÁRIOS

sábado, 25 de novembro de 2017

Tadeusz Rózewicz ‎- Minha poesia

Em tradução do Prof. Aleksandar Jovanović, da USP, consignada em seu artigo “Cinco poetas da Europa Centro-Oriental: forja mágica de metáforas e temas”, a constar no periódico em referência, trazemos, neste momento, um poema que retrata o modo como o poeta polonês – cujo nome em grafia correta se apresenta logo abaixo de sua foto – vislumbra a própria poesia.

Veja-se que, distintamente a um número considerável de poesias consectárias de manifestos em cujos propósitos se enquadram, esta poesia limita-se e revelar-se impotente frente à configuração do real, dada a sua insubsistência, carência de valores e distanciamento dos padrões finalísticos mais frequentes, do que lhe resulta o escopo frustrado: não satisfaz quaisquer tarefas entre as que lhe são atribuídas...

J.A.R. – H.C.

Tadeusz Różewicz
(1921-2014)

Moja poezja

niczego nie tłumaczy
niczego nie wyjaśnia
niczego się nie wyrzeka
nie ogarnia sobą całości
nie spełnia nadziei

nie stwarza nowych reguł gry
nie bierze udziału w zabawie
ma miejsce zakreślone
które musi wypełnić

jeśli nie jest mową ezoteryczną
jeśli nie mówi oryginalnie
jeśli nie zadziwia
widocznie tak trzeba

jest posłuszna własnej konieczności
własnym możliwościom
i ograniczeniom
przegrywa sama ze sobą

nie wchodzi na miejsce innej
i nie może być przez inną zastąpiona
otwarta dla wszystkicjh
pozbawiona tajemnicy

ma wiele zadań
którym nigdy nie podoła

(1965)

Forma das Coisas por Vir
(Victor Bregeda: pintor russo)

Minha poesia

nada traduz
nada explica
nada expressa
não abarca totalidade alguma
não reifica esperança alguma

não cria regras novas
não participa de diversão alguma
possui lugar definido
que deve preencher

se não é esotérica
se não é original
se não deixa perplexo
assim deve então supostamente ser

obedece à própria necessidade
às próprias possibilidades
e limitações
é autodominada

não substitui coisa alguma
não pode ser substituída por coisa alguma
é aberta a tudo
sem segredos

possui muitas tarefas
que jamais satisfaz

(1965)

Referência:

ŻEWICZ, Tadeusz. Moja poezja / Minha poesia. Tradução de Aleksandar Jovanović. In: Universidade de São Paulo / Faculdade de Filosofia, Letras e Ciências Humanas (FFLCH/USP). Cadernos de literatura em tradução, n. 17, 2017. Em polonês: p. 144; em português: p. 145. Disponível neste endereço. Acesso em: 27 out. 2017.

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